As cicatrizes de acne são um grande problema na área da estética e que traz consequências físicas e psíquicas. Cerca de 80% da população sofreu ou sofrerá com acne e em média 10% dessa população pode evoluir com algum tipo de cicatriz. Estas podem aparecer quando o indivíduo manipula as lesões de maneira inadequada, mas pode aparecer também mesmo que não haja essa manipulação e isso se torna um grande problema.
As cicatrizes de acne, segundo Kanduc & Almeida (APUD KEDE, 2009) se dividem em três grandes grupos: as elevadas, as distróficas e as atróficas. Esses três grupos possuem subdivisões que resultam em 11 tipos de cicatrizes de acne. As cicatrizes elevadas se subdividem em 4 tipos: hipertróficas, queloidiana, papulosa e ponte. Sim, as cicatrizes de acne nem sempre são atróficas como todo mundo pensa.
Resumidamente, as hipertróficas elevam-se acima da superfície cutânea se limitando a área do insulto original, as queloidianas geralmente são encontradas em pessoas com propensão genética e extrapolam as margens da lesão, as papulosas são lesões elevadas com aspecto papuloso e as pontes são cordões fibrosos sobre a pele sã.
As distróficas, segundo Kede (2009), caracterizam-se pelos limites irregulares, as vezes com forma estrelada fundo branco e atrófico. Podem apresentar nódulos fibróticos com retenção de material sebáceo e purulento. As atróficas ou deprimidas se dividem em distensíveis e não distensíveis. (Kadunc, 2003)
As distensíveis são de dois tipos as ondulações ou vales e retrações. E são as que desaparecem quando traciona-se a pele. As ondulações ou vales, quando tracionadas somem completamente. Já as retrações caracterizam-se pela aderência da porção central do assoalho da cicatriz quando se distende a pele (essas são as mais indicadas para subcisão). As não distensíveis são, portanto, aquelas que não desaparecem com a tração da pele, caracterizando os defeitos do relevo cutâneo. Essas se dividem em superficiais, médias (box scar) e profundas. As superficiais são cicatrizes rasas e que respondem muito bem a tratamentos, as médias ou crateriformes, se apresentam alargadas e com base normal ou hipocrômicas.
As profundas fibróticas ou Ice Picks, são cicatrizes estreitas, rígidas e profundas que atravessam toda derme e atingem o tecido subcutâneo, são as piores para serem tratadas. (Kede, 2009)
Como podemos ver, o mundo da cicatriz de acne é imenso, então temos que ter muito cuidado ao tratá-las. Se existem tantos tipos assim, será que todos os tratamentos são efetivos para cada tipo? Será que devemos tratar sempre da mesma forma? Será que sozinhos, sem uma equipe multiprofissional conseguiremos êxito? É imprescindível saber avaliar e identificar esses tipos, para só depois propor o tratamento.
E engana-se você se acha que numa face encontrará apenas um tipo. É possível ter diversos tipos numa mesma face. Algumas vão responder com alguns tratamentos, outras não. Devemos nos conscientizar, conhecer nossos limites de atuação profissional e indicar o melhor profissional para assumir quando já não conseguimos mais oferecer o resultado que o cliente espera e merece.
Referências
Allgayer, N. Revista SPDV 72(4) 2014; Natacha Allgayer; Tratamento de cicatrizes de acne
Kede, j. Dermatologia Estética. Ed Atheneu, 2009.
Kadunc BV,Almeida ART. Surgical Treatment of Facial Acne Scars Based on Morphologic Classification: A Brazilian Experience. Dermatologic Surgery.2003; 29(12): 1200-9
Cho SB, Lee SJ, Kang JM, Kim YK, Chung WS, Oh SH. The efficacy and safety of 10,600-nm carbon dioxide fractional laser for acne scars in Asian patients.Dermatol Surg. 2009;35(12):1955-61.
Fonte: Revista Negócio Estética
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