A quimioterapia com uso de drogas citotóxicas tem sido rotina no tratamento de câncer, proporcionando significativo aumento na sobrevida dos pacientes tratados. As drogas utilizadas apresentam diferentes mecanismos de ação e efeitos tóxicos diretos, sendo a maioria mutagênica e/ou carcinogênica. Poucas informações sobre estes efeitos estão disponíveis na literatura, tratando principalmente dos antineoplásicos que atuam por alquilação de DNA, com poucos dados pertinentes a classes de fármacos com outros mecanismos de ação.
A utilização de drogas citotóxicas para tratamento de câncer se tornou rotina a partir da década de 1950, aumentando a sobrevida de pacientes acometidos por certos tipos de tumores. Apesar da eficácia do tratamento com as novas drogas, não há como negar o trauma provocado pelos sintomas de toxicidade direta. É bem conhecido o aumento no número de relatos de cânceres secundários após a quimioterapia, porém, menos documentadas são as "sequelas mutagênicas" que abrangem desde pequenas alterações na fertilidade até cânceres ou malformações em crianças de pais com histórico de câncer.
Drogas antineoplásicas, para serem liberadas para uso clínico rotineiro, devem atender a várias exigências de órgãos regulatórios e, apesar de muitos deles evidenciarem baixa mutagenicidade ou ausência deste efeito quando submetidas à bateria dos testes propostos, podem caracterizar-se por este efeito, porém com difícil detecção. Terapia hormonal e imunoterapia também têm sido utilizadas para tratamento de câncer, havendo entretanto menos dados sobre seus efeitos mutagênicos quando comparadas com outros tipos de tratamento. Portanto, informações sobre mutagenicidade destas drogas permanecem dispersas e de difícil acesso.
Fonte: Moreira Jr.