As estrias são atrofias lineares cutâneas decorrentes da degeneração e rompimento das fibras elásticas (colágeno e elastina) da segunda camada da pele (a derme). A causa das estrias é a distensão exagerada da pele ou alterações hormonais e é uma das principais queixas de estética em mulheres. A ruptura das fibras forma lesões lineares, geralmente paralelas, que podem variar de um a vários centímetros de extensão.

O que causa?

É comum o surgimento de estrias durante a puberdade favorecidas pelo crescimento acelerado nesta fase da vida e por fatores mecânicos, tais como exagero na ginástica, práticas esportivas competitivas, musculação, artes marciais e dança. Na idade adulta, a gravidez, o uso de roupas muito apertadas, a obesidade e regimes sucessivos (fenômeno "fattening slimming", ou "efeito sanfona") também são responsáveis pelo seu aparecimento.

Atinge os dois sexos, numa incidência de 5 a 35% da população, porém 75% dos casos ocorrem no sexo feminino. Nas mulheres surgem principalmente na face lateral das coxas, mamas, nádegas, demais regiões das coxas, flanco e abdome, nessa ordem de ocorrência. Nos homens é mais frequente em mamas, dorso do tronco, ombros e nádegas.

Inicialmente as lesões são avermelhadas ou róseas evoluindo muito mais tarde para uma tonalidade esbranquiçada, com pele de aspecto deprimido. Em pessoas de pele morena as estrias podem ser mais escuras que a pele sadia. A pele na área afetada tem consistência frouxa.

Quando as fibras se rompem, o sangue extravasa dos capilares e provoca um pequeno hematoma que se reflete imediatamente na pele, em forma de vergão vermelho claro. A cor rosada indica o processo inflamatório da epiderme que é provocado pela distensão das fibras elásticas e se pode visualizar, por transparência, a intensa circulação capilar da derme sub-capsular. Em seguida, a reação do organismo à lesão faz com que as estrias fiquem mais longas, largas e escuras, ganhando um tom arroxeado.

Por último, entre um a dois anos, as estrias ganham uma coloração esbranquiçada, sinal de que a pele foi substituída por um tecido fibroso. O aspecto é de uma cicatriz e as estrias tornam-se nacaradas. Apresentam flacidez central recoberta por epitélio pregueado, desprovido de pelos e de secreção sudorípara e sebácea. As fibras elásticas estão na maior parte rompidas e as lesões evoluem para fibrose. A partir daí, torna-se atrófica (deprimida). É o aspecto cicatricial, com hipocromia (cor esbranquiçada), com linha flácida central.

Tipos de tratamentos

As estrias são lesões irreversíveis, logo não existe um tratamento que faça a pele voltar ao que era antes. Os tratamentos existentes atualmente visam sempre melhorar o aspecto das lesões, estimulando a formação de tecido colágeno subjacente e tornando-as mais semelhantes à pele ao redor. Para isso várias técnicas podem ser empregadas isoladas ou em conjunto:

- Carboxiterapia ou CarboinsuflaçãoConsiste na aplicação do gás medicinal atóxico-anidro carbônico (CO²) aquecido e com pressão controlada, diretamente no leito das estrias através de pequeninas e finas agulhas. Ao se difundir pelo tecido o CO² promove vasodilatação local, aumento do fluxo sanguíneo, e por isso favorece a nutrição celular, aumento de fibroblastos (células produtoras de colágeno) para preencher ou melhorar o "vazio" das estrias. O tratamento é feito em sessões semanais, quinzenais ou mensais de acordo com a quantidade das estrias.

- Peeling químico (Esfoliação)Utiliza-se substâncias/ácidos para provocar a descamação da camada mais superficial da pele originando uma nova camada mais uniforme, hidratada, saudável e também para estimular a produção de fibras colágenas. Nas estrias jovens usa-se o ácido retinóico ou os alfa- hidróxiácidos (ácido glicólico) com bons resultados, mas nas fases mais tardias recomenda-se apenas o uso dos alfa-hidróxiácidos. O tratamento é dividido em várias sessões, e pode causar prurido e descamação de leve a moderados. Exposição ao sol deve ser evitada.

- Microdermoabrasão/Peeling de Cristal/ Peeling de DiamanteAparelhos "lixam" a pele que recobre a estria, com uma ponta de cristal ou diamantada, para estimular sua regeneração e também a produção da elastina, a grande responsável pela firmeza dos tecidos. Essa técnica pode ser usada antes do peeling químico ou da intradermoterapia, pois facilita a penetração dos princípios ativos e melhorará os resultados.

-Intradermoterapia Medicamentos (vitamina C, silício, ácido glicólico, ácido hialurônico, e outras) são injetados ao longo de toda a estria com agulhinhas muito finas. Essas substâncias, melhoram a circulação local e a produção de colágeno na derme e com isso a reduzem a altura e a espessura das estrias. São necessárias várias sessões e a exposição ao sol deve ser evitada.

-MicrocorrentesAparelhos eletrônicos de microcorrentes em forma de caneta, estimulam a derme em toda a extensão da estria, provocam um processo inflamatório, aumento da produção de colágeno e posterior regeneração. Esta inflamação é resolvida em um período de dois a sete dias, o que limita o tratamento a apenas uma aplicação semanal. O número total de sessões recomendado varia em função de fatores como cor da pele, idade, tamanho e quantidade das estrias.

- LaserterapiaA aplicação de LASER leva à redução dos vasos sanguíneos nas estrias, reduzindo sua coloração arroxeada, rósea. Leva também ao aumento das proteínas, colágeno e elastina da pele. São feitas várias sessões, com intervalo de 15 a 30 dias. Consegue-se atenuar bem a aparência das estrias novas. Exposição ao sol deve ser evitada.

- SubcisãoNessa técnica, sob anestesia local, introduz-se dentro da estria uma agulha grossa, e movimentos de vai-e-vem causam lesões no leito das estrias, formação de manchas roxas e um pequeno inchaço inflamatório, o que é importante para a produção de colágeno e formação do novo tecido que preencherá os locais onde falta. O resultado final é visto após 6 meses do tratamento. Durante 6 meses, o sol deve ser evitado para evitar manchas hiperpigmentadas (escuras).

- Hidroxiapatita com MetilceluloseÉ uma técnica nova desenvolvida por brasileiros, consiste na injeção dessas substâncias em cada estria, fazendo com que os tecidos ao redor produzam mais proteínas que vão preencher o espaço morto. O tratamento é praticamente indolor e eficaz em até 90% dos casos. Não existem contra-indicações e os efeitos colaterais são mínimos, consistindo apenas em uma vermelhidão local nos dias seguintes à aplicação. São necessárias pelo menos 6 aplicações.

Como se previnir?

Mudar hábitos de vida e tomar alguns cuidados para evitar o aparecimento de novas lesões na pele é essencial. Eis algumas sugestões:


- Corpo bem hidratado. Beber pelo menos 2 litros de água por dia e usar um creme ou loção hidratante à base de água. Esses cremes devem ser ricos em emolientes à base de colágeno, elastina, lipossomas, alfa-hidróxiácidos, uréia, lactato de amônia e óleos vegetais. A lubrificação melhora a resistência da pele contra a ruptura das fibras;
- Usar sempre protetor solar;
- Evitar oscilações muito grandes no peso ("efeito sanfona");
- Ativar a circulação da pele com jatos de ducha quente e fria, alternados;
- Evitar o uso de roupas apertadas e o tabagismo;
- Praticar atividades físicas regularmente, mas com moderação;
- Utilizar sutiãs adequados, pois ajudam a sustentar o peso dos seios;
- Alimentar-se bem, ingerindo quantidades adequadas de frutas e vegetais frescos. A vitamina C desses alimentos é um importante antioxidante e ajuda na formação das proteínas da pele.

Fonte: Nuova Clínica